GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA E SUA INCIDÊNCIA SOCIAL EM ÁFRICA
O tema da dimensão social da Globalização estará cada vez mais na cena internacional.
GLOBALIZAÇÃO (Conceito)
Crescente interdependência de economias e sociedades, gerada pela progressiva liberalização do comércio internacional e pela integração dos mercados financeiros, e tornada possível pela rápida e ampla evolução e difusão das tecnologias de informação e comunicação (TIC).
REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
A Revolução Tecnológica, iniciada pelos países industrializados, facilitou a Globalização. O desenvolvimento económico supõe cada vez mais o acesso à informação, ao saber e à tecnologia, pressupõe infra-estruturas, mas também níveis elevados de educação, de qualificação e capacidades institucionais. A Revolução Tecnológica tem-se processado na “fractura digital” entre o Norte e o Sul. Se as TIC facilitam o acesso à informação por parte dos países do Sul, e portanto o acesso ao mercado global, estes países dispõem de uma capacidade limitada de transformar esse conhecimento num factor competitivo. A revolução tecnológica é um processo assimétrico (desigualdades entre os pólos Norte e Sul) e selectivo (apenas para o Norte).
IMPACTO ECONÓMICO
- Liberalização do comércio internacional;
- Expansão dos investimentos directos estrangeiros (IDE);
- Emergência de fluxos financeiros transfronteiriços de grande envergadura;
- Criação de um mercado financeiro global.
QUEM GANHOU (E QUEM PERDEU) COM ESTE FENÓMENO?
No Mundo Desenvolvido: regiões com forte nível de inovação tecnológica e valor acrescentado que souberam encaminhar-se sobre a “Sociedade do Conhecimento”.
No mundo em desenvolvimento: regiões com grande disponibilidade de mão-de-obra, baixos salários, excepcional dinamismo económico e que fizeram, nas últimas gerações, investimentos significativos em matéria de capital humano.
Constata-se, em geral, uma grande desigualdade no impacto da globalização tanto no interior dos países como entre os países
No mundo desenvolvido
a Globalização tem funcionado como:
Um factor de acumulação de vantagens comparativas, mas também como factor de reforço das
desigualdades.
No grupo restrito de países emergentes do mundo em desenvolvimento tem funcionado como:
Um factor de crescimento a curto prazo, mas também de vulnerabilidade e instabilidade.
No grupo dos países menos avançados:
Acumulam-se as desvantagens, o que dificulta a sua participação na Globalização e cria novas dependências.
CONCLUSÕES
A Globalização é um facto e representa um enorme potencial de crescimento das economias. O actual modelo de globalização apresenta um elevado risco de reforço da marginalização de regiões e países. Estas desigualdades são económicas, sociais, inaceitáveis e insustentáveis.
Necessidade de “mobilizar para a mudança”: abrir novas possibilidades de desenvolvimento equitativo para todos.
ÁFRICA FACE À GLOBALIZAÇÃO
Situação e Perspectivas
10% da população mundial (780 milhões de habitantes):
1% do PIB mundial;
2% do comércio mundial;
33 PMAs num total de 48 países mais pobres a nível mundial;
34 PPME (países pobres mais endividados) num total de 42;
32 Países com um Índice de Desenvolvimento Humano baixo num total de 36;
20 Milhões de pessoas com VIH/Sida num total de 42 milhões de pessoas infectadas;
40% de trabalho infantil (5/14 anos);
60 % da população activa ocupada no sector marginalizado.
ÁFRICA: GLOBALIZAÇÃO VS. MARGINALIZAÇÃO
Comércio internacional:
Participação da África nas exportações mundiais em baixa:
1980: 6%
2000: 2%
Regista-se uma concentração em produtos primários (mais de 70% das receitas em divisas), com fraco valor acrescentado e muito dependentes da instabilidade dos mercados internacionais.
A África tem vindo a perder quotas de mercado em relação aos outros países em desenvolvimento, nomeadamente, os da Ásia.
OBSTÁCULOS PRINCIPAIS AO ACESSO AO MERCADO INTERNACIONAL
- Degradação dos termos de troca;
- Elevado pagamento dos juros;
- Corrupção, ditaduras e guerras civis;
O que leva ao elevado endividamento externo, dependência do exterior e a um maior desequilíbrio entre o Norte e o Sul.
As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC):
O impacto da revolução tecnológica em África é ainda muito limitado: custos elevados das comunicações e poucos utilizadores.
Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD)
Os países da África Subsariana mantêm-se dependentes da ajuda externa para fazer face à pobreza e integrar a economia mundial.
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