quarta-feira, 16 de maio de 2007




GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA E SUA INCIDÊNCIA SOCIAL EM ÁFRICA


O tema da dimensão social da Globalização estará cada vez mais na cena internacional.


GLOBALIZAÇÃO (Conceito)

Crescente interdependência de economias e sociedades, gerada pela progressiva liberalização do comércio internacional e pela integração dos mercados financeiros, e tornada possível pela rápida e ampla evolução e difusão das tecnologias de informação e comunicação (TIC).




REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

A Revolução Tecnológica, iniciada pelos países industrializados, facilitou a Globalização. O desenvolvimento económico supõe cada vez mais o acesso à informação, ao saber e à tecnologia, pressupõe infra-estruturas, mas também níveis elevados de educação, de qualificação e capacidades institucionais. A Revolução Tecnológica tem-se processado na “fractura digital” entre o Norte e o Sul. Se as TIC facilitam o acesso à informação por parte dos países do Sul, e portanto o acesso ao mercado global, estes países dispõem de uma capacidade limitada de transformar esse conhecimento num factor competitivo. A revolução tecnológica é um processo assimétrico (desigualdades entre os pólos Norte e Sul) e selectivo (apenas para o Norte).


IMPACTO ECONÓMICO

- Liberalização do comércio internacional;

- Expansão dos investimentos directos estrangeiros (IDE);

- Emergência de fluxos financeiros transfronteiriços de grande envergadura;

- Criação de um mercado financeiro global.


QUEM GANHOU (E QUEM PERDEU) COM ESTE FENÓMENO?


No Mundo Desenvolvido: regiões com forte nível de inovação tecnológica e valor acrescentado que souberam encaminhar-se sobre a “Sociedade do Conhecimento”.


No mundo em desenvolvimento: regiões com grande disponibilidade de mão-de-obra, baixos salários, excepcional dinamismo económico e que fizeram, nas últimas gerações, investimentos significativos em matéria de capital humano.

Constata-se, em geral, uma grande desigualdade no impacto da globalização tanto no interior dos países como entre os países


No mundo desenvolvido
a Globalização tem funcionado como:

Um factor de acumulação de vantagens comparativas, mas também como factor de reforço das

desigualdades.


No grupo restrito de países emergentes do mundo em desenvolvimento tem funcionado como:

Um factor de crescimento a curto prazo, mas também de vulnerabilidade e instabilidade.


No grupo dos países menos avançados:

Acumulam-se as desvantagens, o que dificulta a sua participação na Globalização e cria novas dependências.


CONCLUSÕES


A Globalização é um facto e representa um enorme potencial de crescimento das economias. O actual modelo de globalização apresenta um elevado risco de reforço da marginalização de regiões e países. Estas desigualdades são económicas, sociais, inaceitáveis e insustentáveis.

Necessidade de “mobilizar para a mudança”: abrir novas possibilidades de desenvolvimento equitativo para todos.



ÁFRICA FACE À GLOBALIZAÇÃO


Situação e Perspectivas

10% da população mundial (780 milhões de habitantes):

1% do PIB mundial;

2% do comércio mundial;

33 PMAs num total de 48 países mais pobres a nível mundial;

34 PPME (países pobres mais endividados) num total de 42;

32 Países com um Índice de Desenvolvimento Humano baixo num total de 36;

20 Milhões de pessoas com VIH/Sida num total de 42 milhões de pessoas infectadas;

40% de trabalho infantil (5/14 anos);

60 % da população activa ocupada no sector marginalizado.


ÁFRICA: GLOBALIZAÇÃO VS. MARGINALIZAÇÃO


Comércio internacional:

Participação da África nas exportações mundiais em baixa:

1980: 6%

2000: 2%

Regista-se uma concentração em produtos primários (mais de 70% das receitas em divisas), com fraco valor acrescentado e muito dependentes da instabilidade dos mercados internacionais.


A África tem vindo a perder quotas de mercado em relação aos outros países em desenvolvimento, nomeadamente, os da Ásia.


OBSTÁCULOS PRINCIPAIS AO ACESSO AO MERCADO INTERNACIONAL

- Degradação dos termos de troca;

- Elevado pagamento dos juros;

- Corrupção, ditaduras e guerras civis;

O que leva ao elevado endividamento externo, dependência do exterior e a um maior desequilíbrio entre o Norte e o Sul.


As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC):

O impacto da revolução tecnológica em África é ainda muito limitado: custos elevados das comunicações e poucos utilizadores.


Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD)

Os países da África Subsariana mantêm-se dependentes da ajuda externa para fazer face à pobreza e integrar a economia mundial.

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